Trump quer que TikTok seja excluído de lojas de apps dos EUA neste domingo

18 de setembro de 2020 às 12:25


Casa Branca também solicita remoção do WeChat; aplicativo continuará para quem tiver baixado no celular

LONDRES | FINANCIAL TIMES

O TikTok será removido das lojas de apps dos Estados Unidos a partir do domingo (20), com a implementação em Washington de ordens executivas do presidente Donald Trump que também tomam por alvo o WeChat, um app chinês de mídia social, de acordo com uma pessoa informada sobre os planos.

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos, que executará as ordens, não determinou que a Apple e o Google removam as versões chinesas do TikTok e WeChat de suas lojas de apps na China.

As remoções iminentes surgem enquanto a Oracle e a ByteDance, controladora do TikTok, continuam a negociar com o governo Trump sobre como resolver suas preocupações sobre o app de vídeo. Qualquer acordo terá de ser aprovado por Pequim.

Montagem com o logo do app TikTok e o presidente Donald Trump – Lionel Bonaventure e Jim Watson/AFP
A Oracle e a ByteDance submeteram uma proposta que veria os negócios mundiais do TikTok cindidos, com uma empresa americana separada, cujo conselho seria formado integralmente por norte-americanos, e que teria um comitê de segurança presidido por uma pessoa dotada de credenciais de segurança do governo.

A nova companhia inicialmente teria participação majoritária da ByteDance, mas buscaria abrir seu capital nos Estados Unidos.

Trump já expressou preocupações sobre o controle continuado do app por uma empresa chinesa, e diversos senadores americanos se queixaram de que o acordo permitiria que a ByteDance retivesse o controle do algoritmo que permite selecionar que vídeos exibir a cada usuário.

A remoção do TikTok e WeChat das lojas de apps dos Estados Unidos representa a execução da primeira de duas ordens executivas promulgadas por Trump, segundo a qual empresas americanas estariam proibidas de continuar lidando com os apps a partir de 20 de setembro. A mais recente medida implementa essas ordens. O presidente promulgou uma terceira ordem dando à ByteDance um prazo até 12 de novembro a fim de zerar sua participação na versão americana do TikTok.

Uma pessoa informada sobre a situação disse que os usuários existentes poderiam manter os apps em seus celulares, por enquanto. Mas acrescentou que o WeChat rapidamente se tornaria inutilizável, porque atualizações de software deixariam de ser oferecidas pelas lojas de apps.

As pessoas que têm o TikTok em seus celulares também poderão continuar a usar o app, mas a pessoa disse que a experiência seria degradada ao longo dos próximos dois meses, a menos que Trump aprove um acordo.

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A batalha sobre o TikTok é o mais recente exemplo da postura muito mais dura que Trump assumiu com relação à China nos últimos meses. Alguns críticos questionam por que ele está atacando um app como o TikTok, usado principalmente por adolescentes, mas especialistas disseram que os dados que o app recolhe sobre seus usuários são uma ameaça à segurança dos Estados Unidos.

“O big data é o cerne das operações de inteligência, hoje em dia”, disse James Lewis, especialista em questões cibernéticas no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. “Essa é a mais intensa campanha de espionagem contra os Estados Unidos desde o governo Reagan. Estamos envolvidos em uma imensa disputa de espionagem –uma guerra de espionagem– com a China”.

Trump no mês passado disse que o TikTok representavas ameaça de segurança por “potencialmente permitir que a China rastreie a localização de empregados do governo federal… construa dossiês com informações pessoais para chantagem e conduza espionagem empresarial”.

Mas Evan Medeiros, professor na Universidade de Georgetown que foi assessor da Casa Branca sobre questões asiáticas no governo de Barack Obama, disse que a administração “jamais articulou os argumentos de segurança nacional para proibir o TikTok”.

“Eles simplesmente dizem que o potencial de recolher dados sobre os americanos é um risco de segurança nacional, mas não oferecem qualquer prova”” ele acrescentou.

Medeiros disse que “existem múltiplas preocupações legítimas sobre o comércio de tecnologia com a China”, mas que as autoridades dos Estados Unidos estavam “permitindo que sua ansiedade e atitude os dominem”.

Tradução de Paulo Migliacci

Fonte: Folha de S.Paulo – Financial Times


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