Sorrell: “Segundo semestre será um banho de sangue”

23 de abril de 2020 às 11:43


Em entrevista ao The Drum, chairman da S4 Capital enxerga potencial de recuperação na área de fusões e aquisições no segundo semestre

Sorrell: “As companhias que estavam flertando com a disrupção digital terão de se preparar” (Crédito: David Paul Morris/Bloomberg)

Em entrevista ao Digital Transformation Festival, do site britânico The Drum, Martin Sorrell disse que a S4 Capital já está mais do que habituada ao trabalho remoto.

Com as alfinetadas que lhe são características, o chairman da companhia que opera por meio de duas marcas principais, MediaMonks e MightyHive, disparou: “Ouço diversas pessoas parabenizando a si mesmas sobre o quanto estão maravilhadas sobre o fato de as pessoas conseguirem trabalhar de casa. Nossas 2.500 pessoas estão perfeitamente ajustadas ao que está acontecendo agora porque estão acostumadas a trabalharem de casa e de forma ágil”.

Para Sorrell, a indústria está repleta de pessoas que se adaptaram a jornadas de trabalhos flexíveis durante meses ou anos. E ele acredita que esta crise irá acelerar a tecnologia e fazer com que as pessoas se sintam muito mais confortáveis utilizando-a.

Participante assíduo de eventos e festivais do mercado, o executivo afirma que pretende repensar seus padrões de viagem. Sobre o festival de Cannes, acha que a Ascential (empresa que controla o festival) deveria reavaliar o timing e a natureza do evento, como o local e o formato. Esta não é uma crítica nova: em entrevistas anteriores, anos atrás, Sorrell já havia dito que ir até a Riviera Francesa havia deixado de ser uma opção viável para as empresas, sugerindo que o evento migrasse para capitais como Nova York, Londres ou Paris.

Em termos de oportunidades para o segundo semestre, o britânico enxerga potencial em fusões e aquisições pelas mãos de empresas de venture capital como Bain Capital, que comprou 60% da Kantar ano passado, e Silver Lake. Crítico ao modelo do qual fez parte – e, mais do que isso, ajudou a construir por meio do WPP – Sorrell acredita que as holdings poderão vir a ser divididas ou privatizadas.

De acordo com ele, os veículos de mídia irão acelerar a comunicação digital e, como consequência, as empresas que antes da Covid-19 estavam se
sentindo confortáveis, sem querer perturbar o status quo, passarão para a posição de querer perturbá-lo. “O segundo semestre será um banho de sangue. As companhias que estavam flertando com a disrupção digital terão de se preparar”, disse.

Meio&Mensagem (23.04.20)


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