Programação jovem ainda faz sentido na TV aberta?

8 de outubro de 2021 às 14:48


Especialistas reforçam que complementariedade com digital é o segredo para atrair os jovens no meio tradicional

Amanda Schnaider

Jovens buscam cada vez mais conteúdos online (crédito: Mimagephotography/Shutterstock)

Além de revelar diversos atores, Malhação, atração da Globo lançada em 1995, com foco no público adolescente, deu muito certo para a emissora durante um bom tempo. No entanto, a partir da década passada, a audiência começou a cair. Nos últimos anos, a única temporada que rompeu essa tendência de queda de audiência foi a Malhação – Viva a Diferença, que ganhou o prêmio de melhor série no Emmy Internacional Kids 2018.

Entretanto, com a pandemia, a nova edição da atração que estava prevista para 2020 foi cancelada e em seu lugar a Globo passou reprises. Após a reprise que está sendo exibida no momento, de Malhação – Sonhos, uma nova temporada, escrita pelos irmãos Eduardo e Marcos Carvalho, que são autores negros, e que conta com 70% de personagens também negros e ambientada em uma favela carioca, tinha estreia prevista para 2022. Porém, no fim de setembro a Globo informou que esta edição foi adiada e que uma nova grade de programação para as tardes da emissora está sendo desenvolvida. Ainda não se sabe o que vai entrar no lugar da nova temporada.

Toda essa movimentação a respeito do “fim da Malhação” levantou uma discussão em relação a atratividade da programação jovem na TV aberta.

Para Jessica Santana, head de mídia da SA365, ainda faz sentido para as emissoras investirem em uma programação para os jovens na TV aberta, visto que capacidade do meio de gerar conversa é inegável. Porém ela ressalta que “as grandes emissoras precisam começar a se enxergar como plataformas de produção de conteúdo e não apenas como um canal de TV. A lógica do consumo de conteúdo mudou e não é possível olhar mais os meios isolados”.

Israel Bastos, media coordinator na GUT, concorda com essa dinâmica multiplataforma levantada por Jessica e reforça que, com a chegada do vídeo online e dos streamings, a geração Z, que é a geração mais jovem, passou a consumir conteúdos em outros lugares e devices. “Desde que começou essa movimentação, a TV tem cada vez menos pensado em manter coisas desse público na grade. Temos exemplos como TV Globinho, o Programa da Maisa, que durou quase um ano e meio”, relembra.

Tanto Bastos quanto Jessica apontam que o caminho para as emissoras não é deixar de apostar em conteúdos para adolescentes e jovens na TV aberta, mas investir em conteúdos complementares através das plataformas. “Aproveitar as possibilidades de multiplataforma se faz muito importante conectando esses novos consumidores ao redor de um assunto independente da plataforma de consumo”, indica a head de mídia da SA365, afirmando que um exemplo disso foi a ascensão dos reality shows, um formato consolidado na TV que se expandiu e atualmente já tem tradição também no digital.

Outro exemplo dessa complementariedade apontado pelo media coordinator na GUT é a série As Five, continuação da Malhação – Viva a Diferença, disponível no serviço de streaming da Globo, Globoplay. “A TV ainda continua sendo aquele canhão, que usamos como publicidade para atingir todo mundo, mas onde as pessoas assistem mesmo os conteúdos está mudando. Esse direcionamento da Globo de falar que tem a série completa no Globoplay é um exemplo disso”.

Fonte: Meio&Mensagem


X