Pandemia obriga agências a repensar cursos de igualdade
1 de julho de 2020 às 12:12
Adiadas, iniciativas de Publicis e Y&R repensam formatos para a ampliação da diversidade em agências.
Salvador Strano
Parte do esforço recente de aumentar a diversidade nas agências de publicidade está em risco com a pandemia do novo coronavírus. Iniciativas de cursos de extensão oferecidos por agências para pessoas negras ou periféricas estão suspensos ou foram adiados com a crise da Covid-19.
Tradicionalmente, eles são porta de entrada para parte desses jovens profissionais.
Duas das principais agencias com iniciativas similares, entretanto, já afirmaram que manterão os cursos, apesar da necessidade de alterações no calendário planejado.
A primeira turma de 2020 da Escola Rua, da Young & Rubicam, se formou em fevereiro. Em abril, um novo grupo de alunos iria à agência, mas o calendário permanece suspenso.
Felipe Silva, redator da agência e criador da Rua, afirma que “em um momento como esse que vivemos, o suporte para aqueles profissionais e estudantes que normalmente já tem extrema dificuldade em ascender na nossa indústria é vital, se esse suporte deixar de existir, voltaremos alguns anos atrás [em diversidade], sem dúvida”.
Com o objetivo de se preparar à uma nova onda de isolamento social obrigatório, a agência também busca um parceiro que possa implementar, para 2021, uma plataforma de aulas à distância junto ao projeto, apesar das dificuldades de conexão e infraestrutura inerentes ao EAD para pessoas periféricas.
Já no Entre, que promove a entrada de mulheres na área criativa e é comandado pela Publicis, deve ser feito à distância e ainda não tem data marcada. Desde a criação do projeto, a agência foi responsável pela ampliação da formação de cerca de 90 criativas.
Segundo a Publicis, a maior parte delas atua, hoje, dentro das áreas criativas em escritórios brasileiros.
“É irônico e triste pensar numa edição do projeto Entre em que as participantes não poderão entrar na agência”, afirma Domênico Massareto, CCO da Publicis. “Essa vivência do espaço é parte importante e essencial do projeto; ela ajuda essas mulheres a se enxergarem dentro de uma grande agência e projetarem a ideia de que podem sim ocupar uma cadeira criativa no mercado publicitário”, finaliza.
Meio&Mensagem (01.07.20)