O que o consumidor busca nos streamings?
28 de maio de 2021 às 14:21
Estudo da KPMG indica que público brasileiro está disposto a assinar produtos com diferenciais
Thaís Monteiro
Esta semana, duas novidades no setor de streaming de conteúdo prometem mobilizar a competitividade no setor. A WarnerMedia anunciou a data de lançamento e estratégias do HBO Max para o Brasil e a Amazon confirmou a compra do estúdio de cinema MGM. Além disso, anteriormente este mês, a AT&T comunicou a fusão de seus ativos de mídia com a Discovery, que aumentará sua força no streaming.
Fusões, aquisições e lançamentos devem seguir ocorrendo, mas a grande questão que paira sobre tais movimentos são o quanto o consumidor está disposto financeiramente para abraçar uma maior quantidade de players. No Brasil, 86% da população acessa pelo menos um serviço de streaming; 70% desses são responsáveis por pagar suas respectivas assinaturas, 17% usa o plano familiar e 7% usa senhas compartilhadas. Independente de ser o assinante ou não, um terço dos participantes tem acesso a dois streamings (30%), outro terço a um (29%). Os demais têm acesso a três (22%), quatro (9%) e cinco ou mais (9%). Tais dados são resultados da Pesquisa Vídeo por Streaming, conduzida pela KPMG. A empresa de prestação de serviços entrevistou 1.012 pessoas nos últimos 6 meses via plataforma online.
Apesar de poucos acessarem mais de quatro streamings, grande parte dos respondentes indicaram a possibilidade de assinar novas plataformas. Dos entrevistados, 47% aceitaria assinar mais de uma plataforma a depender do preço; 21% consideraria assinar uma nova plataforma, mas cancelaria outra assinatura; apenas 10% assinaria mais um serviço independentemente do preço. Já 21% não avalia a possibilidade de adicionar mais um serviço.
Para eleger um novo streaming, os participantes consideram, principalmente, facilidade de acesso (59%), preço (49%) e conteúdo (38%). Mais da metade dos respondentes (51%) acessam a programação por meio de televisões (inclusive Smart TV), mas o percentual de pessoas que utiliza o smartphone também é significativo: 30%. Problemas de conexão foram apontados por 22% dos respondentes.
Em termos de catálogo, o principal motivo que leva o usuário a assinar um streaming é número suficiente de opções de conteúdo (57%), seguido de séries específicas de alta repercussão (41%) e esportes e times favoritos (10%). Cerca de 14% afirma não ter encontrado um serviço de streaming que satisfaça todas as suas preferências de conteúdo. Já os tipos de conteúdo mais importantes no momento de escolha de um streaming são: séries originais (37%); ampla variedade de conteúdos (30%), conjunto de filmes (14%), esportes (5%), conteúdo de TV favorito mais antigo que não é produzido atualmente (4%), programação infantil (2%), conteúdo de cunho profissional (2%) e outros (1%).
Já se concretizou como dito popular dizer que os streamings estão caminhando para assumir o mesmo ciclo da TV por assinatura e de que, eventualmente, haverá a necessidade de criar combos de assinatura de múltiplos VODs. Essa perspectiva parece próxima da realidade quando streamings como Globoplay firma parceria com Disney + e Apple TV + ou quando o Amazon Prime Video permite que usuários adicionem novos canais com conteúdo exclusivo por preços adicionais na assinatura. Essa tendência é reforçada pela pesquisa da KPMG, ao indicar que 78% aceitariam pagar a mais para obterem conteúdo extra que satisfizesse suas expectativas – principalmente filmes recém-lançados (58%) — nos serviços que já assinam.
Esses últimos dados indicam a possibilidade dos players oferecerem novas ferramentas ao seu produto para que alimentem novos diferenciais em relação aos concorrentes. Quando questionados sobre que recursos gostariam de assinar em seu pacote atual por um valor adicional, os respondentes indicaram lançamentos de filmes (58%) e transmissão de esportes exclusivas e em tempo real (23%). Também foram eleitos: músicas (20%), audiobooks (10%), shows ao vivo (10%), realidade virtual (9%), podcasts (7%) e outros (6%).
Uma categoria paralela, a dos AVODs (ad-based video on demand), que oferecem conteúdo gratuito, pode se beneficiar da maior quantidade de streamings pagos, mas que não cabem no bolso do consumidor. Segundo o estudo, 41% não pagam por serviços de streaming. Desses, 17% não o fazem porque têm acesso aos serviços através de um plano familiar, somente assiste conteúdo gratuito e está disposto a assistir anúncios inteiros para não pagar a assinatura (15%), tem acesso a serviços de streaming por compartilhamento de senhas (7%) e outros motivos (2%).
Aqueles que frequentemente usam serviços gratuitos o fazem principalmente porque gostam: de assistir conteúdos dos quais gosta com facilidade e no momento em que deseja (46%), que eles sugerem excelentes conteúdos novos com base no que o usuário assistiu anteriormente (43%), têm uma lista extensa de vídeos que os interessa (37%).
A KPMG ainda criou um ranking das plataformas de streaming mais consumidas pelo público que respondeu à pesquisa. Ao serem questionados sobre quais plataformas de vídeos por streaming costumam assistir, foi pedido que os entrevistados listassem até cinco plataformas na ordem que mais assistem. Do total de 1.012 pessoas, 757 responderam esta pergunta.
A Netflix aparece no topo, com 630 respostas. Em seguida, figuram: Amazon, YouTube, Disney + e Globoplay. Segundo a KPGM, a Netflix soma 20 milhões de assinantes no Brasil, o equivalente a 10% do total mundial. Em 2019, a empresa afirmou ter mais de 10 milhões de assinantes no Brasil e 29,3 milhões na América Latina. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) referente ao primeiro semestre de 2020 projetou que o Globoplay liderava o mercado no Brasil com 20 milhões de assinantes, contra 17 da Netflix.
Fonte: Pesquisa Vídeo por Streaming, KPMG 2021
**Crédito da imagem no topo: Tech Daily/Unsplash
Fonte: Meio&Mensagem