O que as agências estão fazendo para aumentar a representatividade feminina

10 de março de 2023 às 16:53


Por Carolina Vilela

Empresas revelam quantas mulheres têm em seus quadros de funcionários e quais políticas adotam para aumentar esse número

Com apenas 44% de mulheres em cargos de liderança, a presença feminina nas agências de publicidade é baixa. Fato. E, por mais que haja progresso, o caminho para que essa porcentagem chegue ao menos próxima ao do sexo oposto é longo e, assim como a vida dessas profissionais, cheias de desafios.

Com a chegada do Mês das Mulheres, as mídias foram inundadas de campanhas que trazem temas como equidade, sororidade, respeito e a luta das mulheres por espaço. Todas elas assinadas por agências que, por meio dos temas abordados e juntamente com os seus clientes, buscam celebrar e reforçar a importância do Dia Internacional das Mulheres, comemorado na última quarta-feira (8).

Dar luz a esses temas é importante para a conscientização da população, mas ainda é preciso mais do que cenas na televisão ou nas redes sociais. É preciso ações e políticas para incluir cada vez mais mulheres nas conversas e nas decisões.

Pensando nisso, o PROPMARK procurou algumas das principais agências para fazer duas perguntas: quais são as ações e políticas adotadas para aumentar a representatividade feminina no ambiente corporativo e quantas mulheres estão no quadro de funcionários dessas empresas.

Leia abaixo, na íntegra, as respostas recebidas pelo jornal:

AlmapBBDO

Atualmente, a AlmapBBDO possui 337 mulheres na agência, representando 56% do seu quadro total de funcionários. Destas, 51% estão em posição de liderança.

De acordo com Mônica Lessa Kamimura, diretora de pessoas e cultura da AlmapBBDO, a agência prioriza a contratação de mulheres, principalmente em posições de liderança. Além disso, a diretora reforçou que a agência cria iniciativas que fomentem, junto às suas colaboradoras, o desenvolvimento de habilidades focadas em liderança, propósito, presença e protagonismo.

Entre as iniciativas citadas, está o programa de mentoria ElevaElas, que é voltado para as mulheres e busca desenvolver um ambiente de descobertas, crescimento e trocas de softs skills, priorizando grupos sub-representados e suas intersecções. Segundo Mônica, o programa, que teve início em outubro de 2022, envolveu 170 mulheres em sua primeira fase.

“O desafio para equidade de gênero na propaganda e fora dela está nos cargos de liderança. Avançamos bastante, mas ainda temos muito a conquistar neste sentido, inclusive na quebra de barreiras de vieses inconscientes que afetam muitas mulheres no início e ao longo de suas carreiras. Queremos mostrar que com representatividade é possível expandir ainda mais o brilho das mulheres no mundo das agências, através de referências que as acolham e as inspirem. É uma troca de experiências, vivências e conquistas que compartilhadas, irão fortalecer mentoras e mentoradas”, afirmou a diretora.

Ogilvy

Thaisa Veras, nossa Diretora de Recursos Humanos
Na Ogilvy Brasil, 239 mulheres ocupam o quadro de funcionários, sendo 76 em cargos de liderança. Segundo Thaisa Veras, diretora de Recursos Humanos da agência, o local conta com os comitês “Somos” e “Eixo Benguela” que visam estar atentos às questões socias. Em relação a equidade de gênero, a agência conta com alguns programas como o 30for30, que consiste em um treinamento de liderança idealizado pela Ogilvy Global e exclusivo para mulheres com o objetivo de apoiar as profissionais.

Especificamente para o Dia das Mulheres, Thaisa explicou que a agência estruturou um compilado de oficinas com as mulheres nos cargos de liderança, onde elas contam suas trajetórias e metodologias com o intuito de inspirar as pessoas.

Outras políticas adotadas pela Ogilvy em prol das mulheres é a licença maternidade estendida, com seis meses e a preferência pela contratação de mulheres nas áreas de criação.

VMLY&R

Luana Gonçalves, diretora de Grupo de RH da VMLY&R
A VMLY&R Brasil conta com 53% de mulheres na agência. Nos cargos de liderança, níveis gerenciais e acima, as mulheres representam 54%. Em relação as ações e políticas, a Luana Gonçalves, diretora de Grupo de RH da agência, afirmou que a empresa presa pela individualidade dos colaboradores e que trabalhar os pilares das questões sociais por meio das áreas de RH e de Equidade, Inclusão e Pertencimento.

“Nosso trabalho só ecoa se as lideranças abraçarem também essa filosofia. E para que os líderes entendam os desafios que têm pela frente, promovemos treinamentos com consultorias externas sobre diversidade, saúde mental e gestão de pessoas”, afirmou a diretora.

Além disso, a agência implantou alguns projetos complementares para ajudar nas causas, como o Programa Conversa, de trocas e planejamento de carreira entre gestores e seus times, e o PAR, de estágio, mentoria e aceleração de carreiras de pessoas negras no midi level.

Fbiz

Amanda Sthephanie, Especialista em Diversidade da Fbiz
No caso da Fbiz, o censo realizado pela agência em 2022 apontou que quase 53,7% da equipe era composta de mulheres. Além disso, 51,5% dos cargos de liderança eram ocupados por mulheres.

Segundo Amanda Sthephanie, especialista em Diveridade da agência, foi a partir dos dados apresentados pela pesquisa que eles identificaram a necessidade de definir grupos prioritários e estabelecer diretrizes para aumentar a diversidade nos times da agência.

Dentre as ações adotadas pela Fbiz, está a criação de vagas afirmativas que, de acordo com a especialista, têm sido amplamente incentivadas como uma política de equidade. A agência também entendeu a necessidade de considerar a interceccionalidade e não olhar para o gênero de forma isolada, como uma forma de compreender quais outros marcadores sociais podem ser identificados a partir desse grupo específico.

“Além de estruturar metas quantitativas, entendemos que um espaço mais acolhedor só se constrói com conhecimento. Por isso, desde 2022, temos treinado a nossa alta liderança para criar um ambiente em que talentos diversos se desenvolvam com segurança emocional. O nosso próximo desafio é pensar em formas de impulsionar as carreiras das pessoas diversas que já integram as equipes”, concluiu Amanda.

BETC Havas

Larissa Lacerda, Diretora de Recursos Humanos da BETC HAVAS
A BETC HAVAS conta com 54% de mulheres na agência, sendo que 61% encontram-se em posição de liderança.

A agência é uma das signatárias dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPS), uma iniciativa do Pacto Global da ONU e ONU Mulheres, além de fazer parte do Observatório da Diversidade na Propaganda (OPD) como agência apoiadora.

“Seguimos com diversas ações para construir um ambiente de trabalho cada vez mais inclusivo, com o fortalecimento de nosso Comitê de Diversidade e Inclusão, palestras de conscientização e letramentos para toda a agência e também focados em Liderança Inclusiva, vagas afirmativas, curva de contratação diversa, banco de talentos exclusivo para públicos diversos (o #Diversité) análise dos nossos dados demográficos com base no Censo realizado recentemente, embasando nossas ações para atuarmos de forma direcionada e cada vez mais trazer o equilíbrio interno”, explicou Larissa Lacerda, Diretora de Recursos Humanos da agência.

A BETC HAVAS conta com programas globais, como o Femmes Forward Academy que, de acordo com a diretora, em 2023 contará com uma edição onde o foco será mulheres em ascensão. “O programa tem o foco de trabalhar com temas como aumento de confiança, estresse e autocuidados e o empoderamento da voz feminina”, concluiu Larissa.

DPZ

Rejane Romano, Diretora de Comunicação da DPZ
A DPZ soma 184 mulheres na agência, o que representa mais de 57% do time. Em cargos de liderança, essa porcentagem sobe para 58%. Com ações que tem como foco trabalhar a diversidade e a inclusão, a agência conta com o plano UNA, para pessoas pretas e indígenas que contempla iniciativas de mentoria, coaching e aulas de inglês.

No caso da equidade de gêneros, a DPZ conta com políticas como processos seletivos afirmativos, visando a contratação de pessoas trans e mulheres — principalmente mulheres pretas.

“Focando em Negócios, essa pluralidade permite que tenhamos ideias e estratégias mais diversas e criativas, uma vez que falamos de pessoas que tem culturas, vivências e experiências diferentes. No caso das mulheres, temos o grupo de afinidade de mulheridades. E há ainda bate-papos com todo o time DPZ numa ação que se chama ‘Entre Nós’, que tem por objetivo o compartilhamento de vivências para sensibilização quanto as pautas como as que envolvem a questão de gênero no mercado publicitário”, explicou Rejane Romano, Diretora de Comunicação da DPZ.

Lew’Lara\TBWA

Elise Passamani, CCOO (chief culture and operations office)
A Lew’Lara\TBWA tem 55,12% de mulheres, sendo 67,5% de mulheres na liderança executiva, além de contar com Marcia Esteves como Presidente e Sócia da agência — e futura presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap).

Segundo Elise Passamani, Chief Culture and Operations Office (CCOO) da agência, os esforços e compromissos da agência se somam aos da rede TBWA e Omnicom. “Há inúmeras iniciativas para o desenvolvimento de talentos como o Colectiva e Omniwomen, desenhadas especialmente para potencializar os talentos femininos das redes. Um dos resultados mais memoráveis destas iniciativas é o fato de termos alcançado, antecipadamente, o objetivo de termos pelo menos 50% das agências TBWA no mundo lideradas por mulheres”, afirmou a executiva.

Wunderman Thompson

Camila Arruda, CPO (Chief People Officer)
Somando todas as frentes, a Wunderman Thompson Brasil conta com 58% de mulheres em seu quadro. Nas cadeiras de liderança, as mulheres ocupam 64% dos cargos. Além disso, Camila Arruda, CPO da agência afirmou que, em 2022, 55% das promoções e movimentações da agência foram voltadas para as mulheres.

Em relação as iniciativas, a executiva explicou que, em 2018, a agência se comprometeu com um projeto chamado 50/20, da plataforma More Grls, que consistia em ter 50% do time de criação composto por mulheres até 2020. Atualmente, a área de criação da agência conta com 57% de mulheres.

Camila ainda explicou que, dentro da unidade de negócios de tecnologia, a agência conta com o projeto ADA, que tem como objetivo fomentar a presença feminina nesse mercado.

“Nós rodamos o primeiro ciclo em 2021 e, hoje, já temos 44% das nossas posições em WTT ocupadas por mulheres. E, atuando dentro de todas as nossas unidades de negócios, nós temos o coletivo WunderWoman, formado por colaboradoras e garantindo a visibilidade dessa pauta dentro das nossas ações, calendário e iniciativas”, afirmou a executiva.

Artplan

Debora Moura, Head de Diversidade e Inclusão do Grupo Dreamers e da Artplan
A Artplan tem 188 mulheres trabalhando, número que representa 59,9% dos colaboradores. Dessas, 45,7% estão em cargos de liderança, mas dos 132 cargos dessa parte da pirâmide, 65,2% são ocupados por mulheres.

Segundo Debora Moura, Head de Diversidade e Inclusão do Grupo Dreamers e da Artplan, o time de recrutamento da agência tem trabalhado na contratação de perfis diversos, além de estarem trabalhando em um programa de capacitação e valorização das mulheres em cargos de alta gestão e criação que, atualmente conta com quatro diretoras.

(Crédito: Christin Hume na Unsplash)

Fonte: PropMark


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