Na festa da tecnologia, privacidade é item de luxo

10 de janeiro de 2020 às 10:56


Com milhões de dispositivos conectados, robôs interativos, TVs equipadas e panelas falantes, a reaparição da Apple na CES para falar sobre o tema é emblemática

Luiz Gustavo Pacete

O equilíbrio entre o humano e a tecnologia é outro tem que vem ganhando importância na feira. Imagem: Digulgação

Somente a Alexa, assistente de voz da Amazon, já está embarcada em mais de cem milhões de devices. Google, Siri, Cortana. De panelas a janelas, passando por geladeiras e TVs. Nenhum equipamento eletrônico faz sentido se não for conectado. Neste contexto, as pessoas passam a estar conectadas todo o tempo onde quer que estejam. Essa premissa é muito boa para a indústria que, de certa forma, almeja essa conexão integral. Mas como ficam as discussões relacionadas a privacidade? Os aprendizados atuais relacionados ao uso de dados em redes sociais, por exemplo, servirão para a Internet das Coisas? Onde estão os limites e o equilíbrio em meio a tanta conexão?

Esses questionamentos não eram tão comuns na CES, no entanto, após vários escândalos envolvendo as grandes empresas de tecnologia e o compartilhamento de dados pessoais de usuários, o tema ganhou maior atenção nesse ano. A própria presença da Apple, que não participava do evento desde 1992, em um painel sobre privacidade, foi emblemática neste sentido. Jane Horvath, diretora sênior de privacidade global da Apple, ressaltou que um dos esforços da empresa é a qualificação dos dados. “A Apple usa privacidade diferencial para impedir que a empresa vincule dados a um determinado consumidor, além de processamento no dispositivo que não passa informações privadas para a empresa e identificadores aleatórios de dispositivos para a Siri e o Maps, portanto, não há rastreamento”, disse Jane.

No ano passado, a Apple protagonizou uma das situações mais emblemáticas da CES com um anúncio do lado de fora do Convention Center provocando indiretamente o Google e outras empresas da CES em relação ao nível de segurança de seus sistemas. Rebecca Slaughter, comissária da Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos (FTC), órgão regulador, destacou que o consumidor continua sendo a ponta mais fraca de todo esse ecossistema. “A quantidade de informação que você precisa processar para entender o que está acontecendo com os seus dados é insuportável para a maioria dos consumidores”, disse a comissária ressaltando a maioria das políticas de dados atuais ainda não protegem os usuários.

Meio&Mensagem (10.01.20)


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