Mônica Sousa: a executiva que inspirou a personagem

4 de abril de 2024 às 14:15


Na Mauricio de Sousa Produções, Mônica traçou sua jornada na área comercial e impulsionou a companhia a corrigir rotas para espelhar a sociedade

“Eu imagino que todas vocês cresceram com a Mônica. Mas, apesar de todo mundo conhecer a Mônica, pouca gente conhece a Mônica”, introduziu Adriana Ferreira Silva, jornalista e fundadora da Grená – Agência de Criação. A Mônica em questão é Mônica Sousa, diretora-executiva da Mauricio de Sousa Produções e a responsável por inspirar a personagem mais famosa da franquia de seu pai, a Turma da Mônica.

Mônica de Sousa no Women To Watch Summit 2024 (Crédito: Eduardo Lopes/ Imagem Paulista)

No Women To Watch Summit 2024, a executiva contou que sua casa foi espaço para que Mauricio desse início ao seu trabalho criativo e que a diversidade sempre foi uma marca das equipes do autor. “Meu pai estava começando a empresa dele, na sala da nossa casa, e precisava de artistas”, descreve Mônica. “Ele sempre ensinou que a porta dele estaria aberta para todos os funcionários, independente de quem fosse”.

A primeira tirinha de Maurício foi publicada na imprensa em 1959. No entanto, a Mônica só nasceu em 1963. O artista chegou a ser criticado pela ausência de mulheres em suas obras. A inspiração para a mudança foi a observação do comportamento das filhas: Mariângela, Magali e Mônica. “Ele começou a escrever porque as crianças são transparentes”, apontou Mônica. No total, Mauricio é pai de dez filhos.

Dentro da companhia, a jornada de Mônica começou como vendedora na lojinha da personagem. Depois, ela seguiu para área comercial onde narra ter sofrido resistência por ser um setor majoritariamente masculino e ter recebido o estigma de “filha do dono”. “Foi difícil no começo. Eu fui bastante pisoteada”, reconhece. A executiva se fortaleceu com a conquista de contratos importantes, especialmente na área de alimentos. Mônica foi diretora comercial e, posteriormente, promovida a diretora-executiva.

Mas, além do processo pessoal, ela acompanhou um reposicionamento da marca Turma da Mônica para se aproximar da sociedade e suas pautas. “A vida inteira a Mauricio de Sousa e a Turma da Mônica trouxeram coisas que aconteceram no mundo. Mônica e Magali sempre foram meninas que gostam delas mesmas. O Chico Bento sempre defendeu a natureza”, afirmou.

Mas, há oito anos, em uma reunião na ONU Mulheres, Mônica recebeu críticas sobre a falta de representatividade racial nos quadrinhos. A partir daí, a companhia trouxe uma série de consultores e especialistas para corrigir a rota e promover uma transformação interna com os roteiristas.

Desse esforço, nasceram mudanças como o desenvolvimento da personagem Milena e sua família, o projeto Donas da Rua e uma mudança no visual das mães dos personagens, que deixaram de usar aventais. A diretora-executiva conta que o processo também envolveu os parceiros licenciadores e fornecedores. “Antes, nós insistíamos para ter a Milena nas embalagens. Hoje, eles já pedem por ela”, afirma.

Para o futuro da marca, Mônica garante que a companhia pretende continuar investindo no desenvolvimento de conteúdo e de mais personagens. Além dos lançamentos no cinema e streaming, uma das apostas da empresa é o projeto Vamos Brincar com a Turma da Mônica que estimula o hábito da brincadeira e da socialização para crianças durante a primeira infância.

Fonte: Meio&Mensagem


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