Individualismo e fim da abundância: desafios para 2022

15 de dezembro de 2021 às 17:04


Décima quinta edição do Fjord Trends aponta comportamentos que devem impactar estratégias de negócio no próximo ano

Isabella Lessa

Estudo publicado pela Fjord, consultoria de design da Accenture, aponta metaverso como algo a ser pensado para além de telas e fones de ouvido (Crédito: Vertigo3D/iStock)

Ao longo destes últimos dois anos, ao mesmo tempo em que o mundo vivenciou mudanças de pequenas e grandes proporções, ficou evidente a transformação da relação das pessoas com o trabalho, o consumo, a tecnologia e o planeta: da alteração da mentalidade dos trabalhadores e a escassez provocada pelos problemas nas cadeias de suprimento, à chegada cada vez mais próxima do metaverso. Tudo isso tem obrigado as empresas a desenhar estratégias de negócio que considerem essas disrupções, aponta a 15ª edição do Fjord Trends, relatório anual apresentado pela consultoria de design da Accenture.

De acordo com Mark Curtis, chefe de global innovation e thought leadership da Accenture Interactive, as marcas não devem subestimar a mudança nas relações, tampouco o papel dos negócios em resposta ao atual cenário. As escolhas que as companhias fizerem daqui para frente, portanto, têm o potencial de afetar o mundo e sua estrutura de maneiras impensáveis.

“Tudo aponta para mudanças nos relacionamentos das pessoas – com colegas, marcas, sociedade, lugares e com aqueles com quem se preocupam. O futuro ainda guarda diversos desafios, bem como oportunidades para empresas interessadas em construir relacionamentos positivos e duradouros que beneficiem as pessoas, a sociedade e o planeta”, afirma o executivo.

Duas responsabilidades emergem dessas disrupções, diz David Droga, CEO e creative chairman da Accenture Interactive: cuidar do mundo hoje e construir um futuro positivo para o planeta, os negócios e a sociedade. A chave está, explica ele, na compreensão profunda dos impactos dessas relações e aspirações para então convertê-los em estratégias de negócio potentes o bastante para serem relevantes e gerarem crescimento.

Veja as cinco tendências para 2022 e respectivos significados segundo a Fjord:

1. Seja você mesmo: “Depois de dois anos de pandemia, as pessoas vêm sentindo uma vontade cada vez maior de agir, o que acaba afetando a forma como trabalham, se relacionam e consomem. Em outras palavras, as pessoas estão questionando quem são e o que é importante para elas. O crescente individualismo reforçado por uma mentalidade “eu acima de nós” tem profundas implicações na forma como as organizações lideram seus funcionários e moldam novas propostas de valor para esse público, além do relacionamento com clientes.”

2. O fim da mentalidade da abundância?: “Ao longo do ano, muitos tiveram que lidar com as dificuldades impostas por uma despensa vazia, contas de energia cada vez mais caras e a escassez de serviços do dia a dia. Ainda que a escassez nas cadeias de suprimentos possa ser um desafio temporário, o impacto deve persistir e levar a uma mudança na ‘mentalidade da abundância’ – baseada na disponibilidade, conveniência e velocidade – e despertar uma maior consciência ambiental. As empresas precisam lidar com a ansiedade que pessoas do mundo todo sentem em relação à disponibilidade de produtos.”

3. A próxima fronteira: “Explosão cultural prestes a acontecer, o metaverso será a nova fronteira da internet, combinando todas as camadas existentes de informação, interfaces e espaços com os quais as pessoas interagem e oferecendo uma nova camada para quem deseja ganhar dinheiro, além de criar novos tipos de empregos e infinitas possibilidades. E as pessoas esperam que as empresas as ajudem a entender melhor e transitar por esse universo. O metaverso não deve ficar restrito às telas e fones de ouvido — será parte das experiências e lugares no mundo real que interagem com o mundo digital.”

4. Isso é verdade: “Agora, as pessoas querem fazer perguntas e receber respostas por meio de um simples toque ou de uma breve troca com um assistente de voz. A verdade é que isso se tornou tão rápido e imediato que as pessoas estão fazendo cada vez mais perguntas. Para as marcas, a quantidade de perguntas de clientes e o número de canais de comunicação estão em constante crescimento. Como respondê-las é um grande desafio de design, um motivador crítico para a confiança e uma fonte futura de vantagem competitiva.”

5. Cuidado, frágil: “O cuidado ganhou ainda mais importância no ano que passou – e em todas as suas formas: autocuidado, cuidado com o outro, serviços de cuidado e os canais de cuidado, tanto digitais quanto físicos. O cenário trouxe oportunidades e desafios para empregadores e marcas, independentemente de suas credenciais relacionadas a saúde ou cuidados médicos. As responsabilidades envolvidas no autocuidado e no cuidado com o outro seguirão como prioridade nas nossas vidas. Designers de produtos e empresas precisam abrir espaço para praticar o cuidado.”

*Crédito da imagem no topo: Shutterstock

Fonte: Meio&Mensagem


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