Funari: “Hoje, marketing serve à sociedade, não às marcas”

1 de outubro de 2020 às 12:18


Roberto Funari, CEO da Alpargatas, afirma que a crise tornou mais explícita a necessidade de conexão da marca com o zeitgeist

Isabella Lessa

Roberto Funari no Papo de CEO desta quinta-feira, 01, com Salles Neto (Crédito: Edu Lopes)

Na visão de Roberto Funari, CEO da Alpargatas, esta é uma crise humanitária que repercute sobre os diversos aspectos de um negócio. Em primeiro lugar, o executivo afirma que o real efeito do trabalho remoto sobre as organizações internas ainda é algo a se descobrir, especialmente sob a ótica dos relacionamentos entre pessoas e empresas.

Para os negócios, este período acelera o foco em crescimento, pois, de acordo com Funari, a sobrevivência de uma empresa não se dá somente pela redução de custos. “Estamos fortalecendo o marketing de crescimento, precisamos de parceiros, aumentamos os investimentos, ao mesmo tempo que verbas não são mais fixas. O marketing se vence na semana, alocando e vendendo os dados”, explica. Neste contexto, o marketing precisa, mais do que nunca, estar ligado ao seu tempo, ao zeitgeist da sociedade e ao que a sociedade espera da marca.

“A conexão com a sociedade ficou mais explícita. A humanização das marcas e o marketing de causa são importantes, mas com consequência. Hoje, o marketing serve à sociedade, não às marcas”, diz.

Na prática, a Alpargatas se preparou, desde o início da pandemia, para assegurar uma cadeia de suprimentos robustas. A companhia produziu 300 mil máscaras para uso médico e doou cem mil calçados. Com isso, veio o crescimento mês após mês, a partir de maio. Essas iniciativas foram complementadas com um programa de comunicação para aproximar as marcas da Alpargatas dos colaboradores. No final de março, a empresa começou a fazer lives, lideradas por Funari, com comunidades dentro e fora do Brasil para esclarecer questões de saúde, segurança e mudanças em processos. O período foi marcado, segundo ele, por ajustes em planos de saúde e atividades em apoio à saúde mental da equipe.

Inovação é suor e erro
A Alpargatas investe em parcerias com empresas globais para trabalhar a inovação, conta Funari. Segundo ele, a indústria de consumo inova, principalmente, para intensificar o encanto nas pessoas. Para isso, é preciso transpiração, disciplina e estratégia, tolerância ao erro e abertura à grandes ideias. “Não existe uma metodologia que resolve tudo. A opinião e julgamento do CEO têm de ser questionados”, comenta. Um dos atributos da companhia que é reforçado pela inovação, diz ele, é o conhecimento das cores – que estampam os produtos.

Fonte: Meio&Mensagem


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