França multa Google em 220 milhões de euros por publicidade online
7 de junho de 2021 às 14:36
Processo atinge a chamada ‘publicidade programática’ na qual empresas compram o direito de inserir anúncios com base no perfil dos usuários
PARIS | AFP
A agência reguladora para a concorrência na França anunciou, nesta segunda-feira (7), uma multa de 220 milhões de euros (R$ 1,3 bilhão) contra o Google, por considerar a empresa culpada de favorecer os seus próprios serviços no setor de publicidade online, um novo golpe na Europa contra os gigantes americanos de tecnologia.
O Google não questionou os fatos e a multa foi decidida no âmbito de um procedimento de acordo amigável com três meios de comunicação (News Corp, o jornal francês Le Figaro e o grupo Rossel, da Bélgica) que o acusaram de ter monopolizado a venda de publicidade online. O jornal Le Figaro retirou -se depois.
“A autoridade (reguladora francesa) constatou que o Google deu tratamento preferencial a suas tecnologias apresentadas sob a marca Google Ad Manager”, indicou o organismo.
“As práticas questionadas são particularmente graves porque afetaram os concorrentes do Google no mercado das SSP (plataformas nas quais os editores colocam à venda seus espaços publicitários) e os editores de sites e aplicativos móveis”, entre eles as editoras de imprensa.
O processo atinge a chamada “publicidade programática” na qual os anunciantes compram em tempo real o direito de colocar a sua publicidade nas telas dos internautas com base no seu perfil.
Os anunciantes compram esses espaços por meio de plataformas automatizadas de leilão, incluindo a do Google, um ator dominante neste setor.
A gigante americana também está presente em outros segmentos desse mercado, como os servidores de anúncios, que permitem às editoras colocar espaços à venda nas plataformas de leilões.
O Google usou sua “integração vertical” para “distorcer o processo” e “aproveitá-lo de forma indevida”, explicou a presidente do regulador francês, Isabelle de Silva, em entrevista coletiva.
O Google é capaz, por exemplo, de descobrir o preço das plataformas de leilão concorrentes e oferecer taxas mais atraentes, por meio de seus servidores de publicidade instalados em sites de editoras, disse Isabelle.
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Por sua vez, o Google indicou que tinha acordado com este órgão regulador algumas soluções para melhorar o funcionamento do mercado de publicidade online.
“Vamos testar e desenvolver essas modificações nos próximos meses antes de implementá-las de forma mais ampla, algumas em escala global”, declarou Maria Gomri, diretora jurídica do Google na França, no blog da empresa.
A Alphabet, matriz do Google, teve um volume de negócios de US$ 55,31 bilhões (R$ 280,2 bilhões) no primeiro trimestre de 2021, em sua maioria graças à publicidade online.
As práticas da empresa são objeto de investigação por parte das autoridades de vários países.
Fonte: Folha de S.Paulo