Fenapro aponta que recuperação virá em mais de 6 meses
15 de maio de 2020 às 12:03
Estudo VanPro mostra, ainda, que 68% das empresas perderam imediatamente mais de 30% de suas receitas
Teresa Levin
Estudo da Fenapro é realizado desde 2017.
Opessimismo em relação ao futuro marca a primeira edição de 2020 da pesquisa VanPro – Visão de Ambiente de Negócios em Agências de Propaganda, produzida pela Federação Nacional de Agências de Propaganda (Fenapro). O estudo, que é realizado a cada três meses, ouviu 344 empresas de 20 estados e do Distrito Federal, sendo 41% dos entrevistados do Sudeste, 26% do Nordeste, 18% do Centro-Oeste, 10% do Sul e 5% do Norte. Para 72% delas, uma recuperação do mercado acontecerá em um prazo de mais de seis meses e, para 4% das agências, ela não virá para seus negócios.
Em relação aos impactos sofridos com a crise provocada pela pandemia da Covid-19, 68% das empresas afirmaram que perderam 30% de suas receitas imediatamente. Além disso, a previsão é que estas perdas se mantenham até o fim do ano. Para o resultado de 2020, 55% das entrevistadas acreditam em uma queda de receita anual superior a 30%, quando comparado aos resultados de 2019.
A redução de jornada e de salários foi uma medida tomada por 59,6% das empresas ouvidas, sendo que 43,9% também deram férias aos funcionários. Já 29,7% admitem que fizeram demissões e 21,2% que suspenderam contratos empregatícios. “Já é um impacto grande nos empregos, apesar de que muita gente segurou e está segurando, até por questões estratégicas, o máximo possível desta base de equipe. E ela quem vai sustentar esta retomada. Nosso negócio é gente, a competência de levar ao cliente soluções, ter a memória dele. Se desmobilizar a força de trabalho ficaremos frágeis em oferecer um serviço de qualidade na retomada”, aponta Daniel Queiroz, presidente da Fenapro.
Apenas 16% das empresas conseguiram algum tipo de crédito subsidiado e 25% delas não adotou nenhuma medida relativa a financiamento ou postergação de impostos. O VanPro aponta ainda que os recursos serão suficientes para menos de um mês para 27% das empresas; para entre um e dois meses para 32% delas, e para dois a três meses para 24%. “Me causa certo temor que 50% das agências afirmaram que estão adiando o pagamento de impostos, parcelando, como medida mais imediata. Mas isso é um problema, tem muito juros, vira uma bola de neve a ser administrada mais à frente”, alerta o executivo.
Segundo a Fenapro, estes indicadores mostram impactos que serão sentidos na economia nacional já que o mercado das agências de propaganda movimenta anualmente cerca de R$ 35 bilhões. Ainda de acordo com a entidade, ele é composto por mais de 3,5 mil empresas, que geram mais de 40 mil empregos diretos. Queiroz informa ainda que um novo estudo será desenvolvido já em agosto, também levando em conta os impactos da crise causada pela pandemia da Covid-19 no mercado. “Estou impactado com o envolvimento das agências que participaram em peso da pesquisa. São informações consistentes que usaremos para incrementar os pleitos junto ao Governo Federal no sentido, por exemplo, de um maior acesso a captação de recurso, um dos itens que ficou evidente como dificuldade das agências”, detalha.
Meio&Mensagem (15.05.20)