Diretor da Disney aposta: Disney+ será protagonista

14 de setembro de 2020 às 12:56


Danilo Campos, líder de marketing de in-home media da companhia, comenta estratégias dos canais da companhia e analisa futuro do conteúdo pós-pandemia

Thaís Monteiro

Assim como as demais empresas de entretenimento, durante a pandemia a The Walt Disney Company teve que fazer suas adaptações para continuar a oferecer conteúdos relevantes na programação de seus canais e operar suas ações de marketing para a promoção dos mesmos ou de lançamentos que ainda estão para acontecer.

Ação Cine em Casa, do Dinsey Channel, exibiu filmes clássicos, como A Princesa e o Sapo, de 2009 (Crédito: Reprodução/IMDB)

Algumas das criações do período envolveram maratonas, o retorno de clássicos e o uso das estratégias digitais, como a corrida virtual para a promoção de Viúva Negra, próximo filme da Marvel, ou o o desfile virtual do Dia do Orgulho LGBTQIA+, criado pela National Geographic.

Na esfera do conteúdo, foram inclusas na programação blocos dedicados a exibição de séries, animações e filmes antigos que não são exibidos com a mesma frequência que há alguns anos. Um dos destaques foi a criação do Cine em Casa, que constituiu na exibição de filmes clássicos da Disney todos os finais de semana do mês de agosto sem interrupções publicitárias, simulando um cinema. O projeto resultou em um aumento de 400% na audiência de meninas de quatro a 11 anos no dia da estreia da programação, aponta Danilo Campos, diretor de marketing da The Walt Disney Company.
Da transformação da indústria de entretenimento e conteúdo, o executivo acredita que ficará para o momento pós-pandemia a força e crescimento do streaming ou plataformas de vídeo sob demanda (VOD) como modelo de negócio. “Certamente novas plataformas de distribuição devem ganhar força na busca do atendimento dessas demandas. Em linha com esse movimento, acredito que o Disney+ será um grande protagonista”, afirma.

Danilo Campos, diretor de marketing da The Walt Disney Company: buscamos o fator “uau” (Crédito: Divulgação/The Walt Disney Company)

Ao Meio & Mensagem, Danilo detalhou o funcionamento da companhia e dos canais das marcas Disney Channel, Nat Geo e Fox durante o período e compartilhou projeções baseadas nas mudanças do setor.

Meio & Mensagem – Como surgiu a ideia do Cine em Casa e que objetivos ela cumpre?
Danilo Campos – A ideia do bloco Cine em Casa nasceu de um brainstorming com equipes multidisciplinares que tinham como objetivo pensar em soluções de entretenimento que pudesse contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas em momento de reclusão. A quarentena trouxe às famílias o desafio de repensar o entretenimento em um cenário de confinamento social. Nosso objetivo foi ajudar as pessoas nessa jornada proporcionando momentos dentro de casa, em que pais e filhos poderiam curtir juntos. Pensando nisso, recriamos o delicioso ato de ir ao cinema, trazendo pra TV elementos típicos dessa experiência como propor luzes apagadas, pipoca, celulares desligados, sem interrupções. No Disney Channel, a programação foi ao ar aos finais de semana com filmes clássicos da Disney que são muito bem recebidos pelo público.

M&M – Já que não houve exibição de publicidade, o projeto teve alguma outra forma de monetização?
O objetivo do projeto foi gerar um momento de descompressão para melhorar a vida das pessoas que vivenciam uma situação de confinamento social há meses, mas o formato pode ser adaptado para clientes. Um exemplo seria a criação de vinheta de abertura em conjunto ou a inclusão de inserts gráficos durante a programação que agreguem valor a experiência do fã.

M&M – Os canais Disney, Nat Geo e Fox estão apostando em produções feitas remotamente?
Como grandes criadores de histórias, apostamos em conteúdo produzido em qualquer lugar e multiplataforma. Nesse tempo que estamos remotos, criamos o projeto “Separados Mas Juntos” que, com o intuito de trazer uma mensagem positiva para nossos fãs, mobilizou todas as marcas do grupo The Walt Disney Company e liderado pela Rádio Disney, transmitiu simultaneamente em 11 dos canais da companhia, um evento com grandes artistas cantando suas músicas de sucesso. Outro projeto que merece atenção é o desfile virtual criado pelo National Geographic para marcar o Dia International do Orgulho LGBTQIA+. Como as pessoas não puderam ir à rua devido o confinamento social, a marcha virtual foi criada a partir de vídeos compartilhados por fãs em suas redes sociais com manifestações de apoio à causa e foi ao ar acompanhada de uma programação especial com conteúdos que promoviam mais conscientização e conhecimento. Ainda no tema, o Disney Channel lançou uma música chamada “Aquí me encontrarás” com todos os talentos da série Disney Bia gravado cada um em sua casa.

M&M – A Marvel realizou uma corrida virtual para promover Viúva Negra. Como o marketing da Disney, Nat Geo e Fox está sendo reinventado?
Somos uma empresa criada sob de valores bastante consolidados e consistentes, e dentre eles está o uso da criatividade como alimento para nossas atividades, o minucioso olhar para cada detalhe e a busca incessante pelo fator “Uau”. Esses pilares norteiam todas as nossas atuações, inclusive as de marketing. De forma geral, vivemos atentos aos nossos fãs e em permanente busca por encantá-los. As ideias podem ser simples ou complexas, mas o fundamental é ser relevante para as pessoas. Para o Disney Channel por exemplo, criamos um bloco chamado “TBT” inspirado na hashtag #tbt das redes sociais, onde reunimos as séries de maior sucesso como Hannah Montana e Os Feiticeiros de Waverly Place nas quintas-feiras. A ação fez tanto sucesso que foi trending topics e ganhou um espaço fixo na nossa grade, com resultados de audiência bastante acima da média do canal. Para o FOX Channel, criamos o “Festival Simpsons”, um bloco com episódios da família amarela que contaram com participações especiais de astros da música, fazendo alusão às populares lives, mas que junto promoveu uma ação solidária para arrecadar doações para um projeto social que tem o objetivo de auxiliar mães solo moradoras de comunidades carentes de diversos estados para minimizar os impactos sociais da pandemia de Covid-19.

M&M – Qual sua perspectiva a respeito de como esse momento pode impactar no futuro da TV e na produção de conteúdo levando em conta o maior consumo em casa, a pausa nas séries e filmes e o digital assumindo um maior papel na criação?
Durante a quarentena, observamos uma intensa busca por novas maneiras de produção e creio que essa transformação seguirá por algum tempo para garantir soluções mais baratas, mais ágeis, que ampliem a experiência dos fãs, sempre comprometer a qualidade. As produções paradas podem gerar uma lacuna na programação de filmes, séries ou mesmo ligas esportivas, mas o que não faltou foi criatividade para revisitar clássicos, criar especiais com grandes sucessos e, até mesmo, como mencionado no Cine em Casa, ampliar recursos para qualificar experiências.

M&M – Quais mudanças de hábitos ele acha que vão perdurar e inovações que vão pautar essas áreas?
Esse momento impactou de forma bastante positiva o consumo de conteúdo, já que as pessoas estão em casa por mais tempo e ávidas por novas histórias. Certamente, novas plataformas de distribuição e novos modelos de negócio devem ganhar força na busca do atendimento dessas demandas. Em linha com esse movimento, acredito que o Disney+ será um grande protagonista, pois reunirá clássicos e novos títulos da Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e NatGeo em um único lugar, com uma experiência incrível.

**Crédito da imagem no topo: Pan Xiaozhen/Unsplash

Fonte: Meio&Mensagem


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