“Criatividade não é sobre invencionismo. É sobre solução”
15 de abril de 2024 às 15:10
Por Carolina Vilela – 12 de Abril de 2024 | 14:04
Com a curadoria da Share, a Gramado Summit de 2024 tem um palco para falar exclusivamente sobre comunicação e marketing, intitulado como palco Share e, nesta sexta-feira (12), o espaço recebeu Deh Bastos, sócia e diretora executiva de criação da Map Brasil.
Ao longo do painel “Como ser criativo na prática”, a executiva deu as suas visões acerca da criatividade e deu algumas dicas aos presentes sobre como exercer a habilidade. “Eu falo de criatividade como negócio, porque a gente cria para vender alguma coisa mas, além disso, ela deve ser útil de todo mundo, o dia inteiro”, afirmou.
Com uma vida profissional pautada no ato de ser criativa e sendo atualmente um dos principais nomes do mercado publicitário, a executiva também traçou um paralelo sobre a criatividade e a infância.
Para ela, as crianças são uma fonte de criatividade e as pessoas vão perdendo a habilidade por conta dos padrões impostos pela vida adulta. Apesar disso, Deh Bastos acredita que isso possa ser restaurado.
“O ser mais criativo do mundo é a criança, então, todo mundo que já foi criança tem a capacidade técnica de ser criativo. As crianças são criativas porque elas tem três fatores essenciais, que é a curiosidade, a plenitude e a energia. A gente cresce e perde essas capacidades por conta de alguns padrões que a vida adulta nos impõe”, explicou.
Além disso, a executiva também alertou que o cansaço é o principal impeditivo de uma mente criativa e que o famoso “bloqueio criativo” é o resultado de diversas coisas que são aprendidas ao longo da vida e que fazem com que as pessoas percam os seus repertórios.
Sobre isso, Deh Bastos comparou esses aprendizados com as cracas de um barco, que vão se acumulando no casco da embarcação ao longo do tempo e prejudicam a velocidade de navegação.
“Existe uma profissão de limpador de cracas para dar uma renovada nesse barco para que ele possa alcançar velocidade de novo. Precisamos fazer esse exercício de entender o que aconteceu para que nós nos tornássemos menos produtivos criativamente, como o medo e o modelo capitalista de vida que não nos dá espaço e tempo para errar, fazendo com que a gente tenha sempre os mesmos comportamentos”, ressaltou a executiva.
Criatividade na prática
Um dos objetivos do painel era fornecer algumas dicas de criatividade para os participantes da conversa e, para isso, Deh Bastos usou o espaço para apontar algumas técnicas possíveis para que a criatividade começasse a ser praticada.
Entre as sugestões, estava um termo tradicional do mercado de marketing, o brainstorm, ou como a executiva gosta de chamar, “toró de ideias”. Neste caso, ela sugere que as pessoas façam o brainstorm escrito.
“Durante 10 minutos, escolham divergir das pessoas. Peguem um papel e escrevam sem pensar e sem filtrar as ideias. Depois disso, vai ser a hora de convergir, ou seja, começar a reduzir as possibilidades até chegar em um ponto”, sugeriu Deh Bastos.
Outra sugestão foi que as pessoas tivessem uma “dispensa” de referências genéricas, ou seja, usarem das coisas que as pessoas gostam fora do trabalho, como esportes, cinema e entre outras coisas, como inspiração para as soluções que precisam ser encontradas. “Eu preciso que você tenha em mente as coisas que gosta e que não usa no seu dia a dia de trabalho. Colecionem referências, guardem e deixem a disposição para quando você precisar acioná-las”, completou a executiva.
Por fim, a terceira técnica foi o “feedback”, composto por uma cadeia de causa e efeito onde uma informação sobre o passado influencia sobre o mesmo fenômeno no presente, ou seja, para Deh Bastos, feedback é um lugar para quem já passou por aquela situação e esse conceito se encontra com o processo criativo.
“Pouco importa qual é a ideia que você tem. O que faz com que ela seja grandiosa é o fato dela ter se tornado prática. Se essa ideia não foi a rua, ela não é boa e, muitas vezes, elas não vão para a rua porque as pessoas ouvem opiniões como se fossem feedbacks”, afirmou.
A executiva também ressaltou a importância do sentir no processo de criação, apontando que a criatividade vem de um lugar de sentimento que precisa ser trabalhado. “Eu acredito que a criatividade é muscular, então ela dói. Não é gostoso e não é uma tabela de Excel porque não tem como criar sem estar sentindo”, completou.
Manual de criação
Deh Bastos também soma a função de professora em seu currículo e levou para a Gramado Summit 2024 uma espécie de manual prático pra o exercício da criatividade composto por cinco passos: definir uma ideia, questionamentos, entendimento, adequação e teste.
Nesse momento, a executiva contou com a participação da plateia para tentar achar uma solução para um desafio comum entre as empresas, que é a gestão de pessoas. Usando as técnicas apresentadas anteriormente, as ideias foram sendo debatidas com base nos passos citados acima.
Sobre as ideias apresentadas, Deh Bastos alertou que a criatividade não é sobre invencionismo, mas sobre soluções e que, para chegar nesse momento, é preciso olhar para os lados e buscar por respostas que já foram dados para situações parecidas.
“Será que algo parecido já foi feito em algum lugar para resolver um problema semelhante ao nosso? Parem de tentar inventar a roda. As coisas estão dadas, olha pro lado, amplia esse olhar para ver como essa questão foi resolvida em outro lugar”, finalizou a executiva.
Fonte: PropMark