Como agências podem atuar em prol do meio ambiente?
7 de junho de 2022 às 15:06
Executivos da AKQA e Leo Burnett Tailor Made detalham função da publicidade em comunicar e agir sobre o tema sustentabilidade e iniciativas que visam colocar esses debates em prática
Thaís Monteiro
A pauta da sustentabilidade em relação ao meio ambiente tem ganhado escala conforme o ESG passa a ser uma meta das empresas de bens e serviços. A comunicação publicitária, além de ser uma forma de divulgar as ações dessas empresas anunciantes, também pode ter sua parte na contribuição para esse debate.
No passado, conforme explica Paula Santana, impact lead da AKQA, a responsabilidade pelo tema era terceirizada para o consumidor, algo que o CEO da Agência3, Paulo Carvalhal também afirmou em entrevista ao Meio & Mensagem e em seu livro “Como salvar o futuro: Ações para o presente”.
“Agora, entendemos que a responsabilidade é organizacional e as empresas podem ser reais agentes da mudança ao trocar um propósito vago por um plano concreto de ação que converge e sobrepõe pautas sociais e ambientais”, coloca. Paula fundou a área na AKQA, lançada oficialmente em janeiro de 2021. No ano passado, a agência investiu cinco mil horas em ações sociais e ambientais, internas e externas.
As agências, como criadoras da comunicação dessas organizações, podem inserir o tema entre públicos mais abrangentes, mesmo que de forma independente. Marcelo Reis, co-CEO e CCO da Leo Burnett Tailor Made, por exemplo, integra um grupo de paulistanos que luta pela recuperação do Rio Pinheiros, em São Paulo.
“Como segmento de serviço, acredito que o mercado publicitário tem a função de mediar as transformações sociais entre as marcas que coordena e a comunidade impactada. Temos que antecipar mudanças, estudar novas tecnologias, levantar bandeiras sociais coletivas e questionar velhos hábitos. Podemos fazê-lo como organizações independentes apoiando o terceiro setor, como parceiros de grandes empresas e, também, como pessoa física”, opina.
Os executivos acreditam que, apesar de parecer difícil, é possível medir o impacto da publicidade através do investimento das agências em iniciativas internas, apostando em inovações, produtos e serviços mais sustentáveis, como também na sua relação com clientes e produtoras envolvidas nos projetos, se elas têm a mesmas preocupações, comportamento, responsabilidade e culturas sustentáveis.
As agências podem desempenhar um papel fundamental como incentivadoras dos seus clientes para adotar comportamentos ambientalmente corretos. “A capacidade da publicidade em ditar comportamentos e influenciar a cultura coletiva afeta diretamente a sustentabilidade. Já visto como algoz do consumismo desenfreado, o modelo de negócios do segmento acompanhou a evolução da sociedade e hoje usa o poder e a abrangência das marcas em iniciativas comerciais inovadoras com impacto ambiental”, explica Paula.
Para além de relacionamentos, há ainda projetos criados pelas empresas para colocar em prática esse monitoramento e impeto de mudança. O Código da Consciência, por exemplo, é uma ferramenta desenvolvida entre os times da AKQA SP e de Melbourne que combina geolocalização e dados oficiais de reservas florestais e oceânicas para interromper o funcionamento de qualquer máquina que estiver em uma das terras e águas preservadas, sejam eles barcos, tratores, caminhões e outros objetos. É um software gratuito e de cógido aberto, para que seja amplamente adotado.
A agência ainda busca neutralizar e não gerar resíduos nas suas produções de campanhas. “Contabilizamos a emissão de carbono utilizando o padrão GHG Protocol e depois compensamos com um projeto de reflorestamento na Mata Atlântica. Além disso, no set de filmagem, realizamos a gestão dos resíduos orgânicos (compostagem) e recicláveis, além de descarte diferenciado para alguns tipos de resíduos”, detalha a executiva.
A Leo Burnett Tailor Made visa reduzir transporte, principalmente aéreo, consumo de energia, matérias primas e resíduos de forma geral, visando diminuir os impactos ambientais como um todo na cadeia de produção. O Grupo Publicis, ao qual a agência pertence, tem a meta de usar apenas energia de fontes renováveis e atingir a neutralidade carbônica antes de 2030, e net zero até 2040. Essa última representa um compromisso maior de zerar as emissões indiretas geradas por toda a cadeia de valor de determinada empresa, envolvendo, então, os parceiros.
Marcelo Reis conta que a agência também busca aconselhar clientes a seguirem regras determinadas pelo Grupo Publicis e estarem a par das tendências internacionais sobre sustentabilidade. “Soma-se a isso a inovação de produtos e serviços para ajudar nossos clientes a reduzir seus impactos. Nosso orgulho é que o time trabalha para isso, não são normas esquecidas na gaveta. É um trabalho coletivo de conscientização”, coloca.
Fonte: Meio&Mensagem