Boicote ao Facebook cresce e atrai mais marcas nos EUA
26 de junho de 2020 às 11:10
Verizon anunciou adesão ao movimento após carta da Liga Antidifamação; empresas criticam a falta de atitude da rede social em relação aos discursos de ódio.
Marck Zuckerberg, CEO do Facebook, conversou com anunciante para explicar as políticas da empresa.
A ideia de retirar os anúncios publicitários do Facebook ao longo de todo o mês de julho vem ganhando mais força nos Estados Unidos. A Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês) divulgou uma carta aberta em que declaramos motivos pelos quais diversas entidades dos direitos civis estão fazendo esse protesto contra o Facebook. A carta chega a citar diretamente marcas como Geico e Verizon, dizendo que seus anúncios veiculados na rede social estão aparecendo próximos a conteúdos ofensivos.
A Liga forneceu uma cópia da carta ao Advertising Age antes de publicá-la e declarou que a atitude era uma forma de refutar os executivos da rede social, que defenderam as atuais políticas da companhia em relação aos discursos de ódio publicados na plataforma. A Liga Antidifamação se une à NAACP (Associação Nacional para Progressos de Pessoas de Cor, em tradução) e a outros grupos de diretos civis que estão questionando a falta de atitude do Facebook em relação a combate e à prevenção de desinformação e discursos de ódio na plataforma.
Essas organizações de direitos civis lançaram o movimento “Stop the Hate for Profit” (algo como “Pare de Dar Lucro ao Ódio”), que visa encorajar marcas a interromperem a compra de mídia no Facebook ao longo do mês de julho. Por enquanto, The North Face, Patagonia, REI, Ben & Jerry’s, Eddie Bauer, Magnolia Pictures e, mais recentemente, a Verizon, estão entre as empresas que se uniram ao protesto.
“Nossas organizações parceiras têm trabalhado com o Facebook por anos e nós continuaremos trabalhando com elas. Mas, quando se trata de lidar com discursos de ódio e assédio, a plataforma não tem dado a devida atenção”, declarou o CEO da ADL, Jonathan Greenblatt, na carta.
Após ouvir o apelo da carta da ADL, a Verizon decidiu também interromper a veiculação publicitária no Facebook em julho. Junto à carta, a ADL anexou uma série de prints que mostravam imagem de anúncios da Verizon e de outras companhias ao lado de postagens ofensivas publicadas na rede social. O Ad Age não conseguiu verificar a autenticidade dos prints, mas muitas vezes é possível pesquisar por conteúdos ofensivos na plataforma e encontrar anúncios publicitários atrelados automaticamente a essas postagens.
“Nossos padrões de segurança de marca não mudaram. Estamos pausando a publicidade o Facebook até que a rede social possa criar uma solução aceitável e consistente como o que fizemos com o YouTube e outros parceiros”, declarou uma porta-voz da Verizon, por e-mail, ao Ad Age. O Facebook não comentou o caso.
A rede social têm sido alvo de muitas críticas, por parte de grupos e organizações de direitos civis. De acordo com esses grupos, o Facebook estaria colaborando para que o assédio e discursos de ódio fiquem impunes ao não retirar ou filtrar os conteúdos. Uma das maiores reclamações foi o fato de a rede social não tomar uma atitude em relação à postagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugeriu que a polícia reprimisse com violência os protestos contra o racismo que eclodiram no país recentemente. Feita também no Twitter, a mesma postagem de Trump foi sinalizada como conteúdo violento pela rede social.
Nos últimos dias, o Facebook tem se dedicado a conversar com os anunciantes para ajudar a melhorar essa imagem e mostrar o compromisso da companhia em relação ao combate aos discursos de ódio. O próprio CEO da empresa, Mark Zuckerberg, falou com anunciantes sobre as práticas da rede social no combate à desinformação. A VP global de soluções de marketing, Carolyn Everson, chegou a mandar um e-mail a anunciantes para assegurar o compromisso da plataforma com seu progresso. Nesse e-mail, enviado na semana passada, a executiva menciona o boicote e diz que o Facebook está avançando sobretudo em relação à políticas contra a desinformação e anúncios de campanhas eleitorais. “Com o objetivo de garantir que eu esteja próxima de você, dadas as recentes notícias sobre o boicote, é importante te dar um feedback sobre o que o Facebook está fazendo a respeito do combate ao discurso de ódio, de forma geral. Aprecio profundamente todas as ligações, reuniões e mensagens que muito de vocês enviaram em uma demonstração que querer nos auxiliar em uma parceria não apenas para melhorar o papel do Facebook perante à sociedade, como também melhorar todo o ecossistema online”, escreveu Carolyn.
Recentemente, o Facebook anunciou uma atualização em suas regras para anúncios políticos, permitindo que os usuários bloqueiem esse tipo de conteúdo, além de um hub eleitoral, que pretende verificar as informações sobre o tema.
Com informações do Advertising Age.
Meio&Mensagem (26.06.20)