A importância da contabilidade na gestão das agências

2 de abril de 2012 às 16:04


A contabilidade nas empresas pequenas é sempre delegada ao segundo ou terceiro plano. Normalmente, contrata-se um escritório de contabilidade, pagando um preço irrisório, e considera-se o assunto resolvido.

Esses escritórios, por receberem honorários muito baixos, acabam tendo que manter um número de clientes superior à sua capacidade. O risco é óbvio: grande probabilidade de erros.

O governo tem divulgado regularmente os índices de arrecadação. São sempre crescentes, parte pelo crescimento real da economia e parte pelo esforço que é feito para se colocar a economia informal na formalidade; além de uma vigilância constante nas declarações das pessoas físicas e jurídicas para detecção de qualquer vestígio de irregularidade ou de não pagamento dos tributos devidos.

Os investimentos em aprimoramento da Receita Federal têm sido enormes. Desapareceu a figura do fiscal visitando as empresas e tudo agora é feito via sistemas.

O volume de informações que a Receita e órgãos governamentais recebem hoje de todos os setores da economia é muito grande, e boa parte dessas informações é compartilhada entre eles.

Veja algumas delas a seguir.

Dimob: Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias — exigida de construtoras e imobiliárias relativas a compra, venda e recebimento de aluguéis.

DOI: Declaração sobre Operações Imobiliárias — exigida de cartórios de registro de imóveis.

Dirf: Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte — informada pelas empresas.
DIPJ: Declaração de Informações Econômico-Financeiras de Pessoas Jurídicas.
Dprev: Declaração sobre opção de Tributação de Planos de Previdência.
Dimof: Declaração de Informação sobre a Movimentação Financeira — fornecida pelos Bancos ao Banco Central.
Decred: Declaração de Operações com Cartões de Crédito — enviada pelas operadoras de cartão de crédito.
NFE: Notas Fiscais Eletrônicas — emitidas em quase todo o Brasil.
SPED: Sistema Público de Escrituração Digital — toda empresa optante pelo lucro real tem sua contabilidade elaborada diretamente no site da Receita e com o plano de contas em número de itens até cinco vezes acima do tradicional.
Dacon: Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais.
DCTF: Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais.

Tudo hoje é cruzado no sistema da Receita Federal ou em outros órgãos do governo.

Mesmo que a empresa tenha como princípio fazer tudo de acordo com a lei, declarando sua receita, custos e lucro e pagando os impostos correspondentes, ela continua correndo o risco de uma fiscalização se as informações não forem dadas de forma correta. Qualquer distorção o sistema a coloca na malha fina.

Atualmente, quando a Receita detecta discrepância entre o declarado e o que consta no seu sistema, ela imediatamente emite as guias de recolhimento e envia para o contribuinte. A partir daí, ele fica constando no rol de devedores no setor da dívida ativa.

O custo nessa hora é alto, pois nem sempre o contador consegue resolver o problema. Tem que se contratar advogado especialista na área para contestar o débito se não for devido. E, quando é devido, gera uma grande frustração na agência, pois é um custo não previsto às vezes de cinco anos atrás.

É tempo de as empresas valorizarem mais o trabalho dos contadores e das pessoas ligadas à área. É tempo também das empresas ficarem mais atentas quando contratarem escritórios de contabilidade. Nem sempre o menor preço é solução. Nossa atividade é muito complexa contabilmente, portanto é necessário que o escritório tenha muita familiaridade com a atividade e comprove antes da contratação que realmente domina os detalhes e características contábeis do nosso mercado.

Antônio Lino Pinto

Autor do livro Pequenas Agências, Grandes Resultados – Como gerenciar na prática as finanças de uma agência.
Sócio do Grupo Talent, Diretor do Sinapro-SP, Diretor da Fenapro e Vice Presidente da ABAP

Antônio Lino Pinto – Diretor do Sinapro-SP e sócio do Grupo Talent


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