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Profissional híbrido criativo-tecnológico é o novo perfil necessário para mercado

Publicado em 29/05/2025 às 16:24, por: Claudia Sinapro-SP

Integrar habilidades analíticas, criativas e emocionais será cada vez  mais importante para navegar entre as possibilidades tecnológicas

No momento em que o Photoshop teve sua primeira versão comercial disponibilizada, em 1990, inevitavelmente surgiram questionamentos por parte de muitos profissionais de publicidade sobre a possibilidade de seus empregos se tornarem obsoletos. Embora uma grande parte das funções tenha sido substituída pela ferramenta, a direção de arte só apresentou ganhos com o domínio e a evolução do software.

Pelo menos é o que acredita Victor Azevedo, coordenador de publicidade e propaganda do Ibmec-RJ. “A inteligência artificial também amplifica, não acaba com o trabalho. Ela não torna as coisas obsoletas”, explica. “O talento, embora pareça subjetivo, sempre é necessário, até para saber o que pedir e como pedir”. Para ele, a tecnologia vem como um suporte poderoso, mas o domínio criativo e o entendimento do que se quer alcançar continuam sendo atributos essencialmente humanos.

Victor Azevedo, coordenador de publicidade no Ibmec-RJ | Imagem: Divulgação

Em uma analogia simples, entregue uma câmera a quem não conhece o jogo de luz, e ela será apenas um peso nas mãos. A partir desse princípio, se um profissional não souber utilizar a inteligência artificial, com um prompt correto e uma bagagem cultural munida de muito estudo, ela se torna inutilizável.

Eric de Carvalho, professor de comunicação e publicidade da ESPM, defende que “o que sempre diferenciou um talento publicitário foi saber realizar uma boa leitura da cultura e do consumidor. Elaborar estratégias que inovem e façam sentido para o público-alvo, estabelecer conexões entre referências culturais e linguagens populares — tudo isso é essencial”. Para ele, a IA pode até acelerar alguns processos técnicos, mas “não realiza uma entrega relevante se seu usuário não tiver a fluência dos soft skills que sempre diferenciaram um grande talento”.

Em uma analogia simples, entregue uma câmera a quem não conhece o jogo de luz, e ela será apenas um peso nas mãos. A partir desse princípio, se um profissional não souber utilizar a inteligência artificial, com um prompt correto e uma bagagem cultural munida de muito estudo, ela se torna inutilizável.

Eric de Carvalho, professor de comunicação e publicidade da ESPM, defende que “o que sempre diferenciou um talento publicitário foi saber realizar uma boa leitura da cultura e do consumidor. Elaborar estratégias que inovem e façam sentido para o público-alvo, estabelecer conexões entre referências culturais e linguagens populares — tudo isso é essencial”. Para ele, a IA pode até acelerar alguns processos técnicos, mas “não realiza uma entrega relevante se seu usuário não tiver a fluência dos soft skills que sempre diferenciaram um grande talento”.

Eric de Carvalho, professor de comunicação e publicidade da ESPM | Imagem: Divulgação

Patricia Artoni, professora de pós-graduação em marketing da FIA Business School, pondera a mesma questão. Para ela, o advento das novas tecnologias, como inteligência artificial, realidade virtual e realidade aumentada, por exemplo, obriga o profissional a dominar essas novas ferramentas sem perder as qualidades humanas subjetivas. “Concordo com a tese de que o mercado precisa, mais do que nunca, buscar talentos humanos, empáticos e atentos às nuances culturais”, afirma. Nas palavras da docente, esse novo profissional é um “híbrido criativo-tecnológico”, capaz de integrar habilidades analíticas, emocionais e criativas para navegar entre as possibilidades tecnológicas sem perder o senso crítico e a sensibilidade cultural.

Roberto Gondo, professor de publicidade e propaganda da Universidade Presbiteriana Mackenzie, reforça que a formação do comunicador deve ser cada vez mais interdisciplinar. “A formação do profissional de comunicação tem de ter o ponto de vista da área das ciências sociais aplicadas”, afirma, destacando que o domínio técnico precisa ser complementado pela capacidade de leitura humana e social.

Roberto Gondo, docente de publicidade no Mackenzie | Imagem: Divulgação

Jovens

No caso das novas gerações, talvez essa seja sua programação de fábrica: nasceram em um ambiente hiperconectado, cercados por tecnologias inteligentes. Mas, sem tração cultural, sem aprofundamento e repertório, o risco é formar uma geração homogênea, incapaz de evoluir seu pensamento criativo de maneira autêntica.

A inteligência artificial aprende em uma velocidade incongruente. Para se ter ideia, em 2018, a OpenAI treinou sistemas que conseguiam jogar o equivalente a 180 anos de partidas do jogo online Dota 2 por dia. Neste cenário, os jovens podem facilmente ficar para trás se não desenvolverem competências para dominar essas novas tecnologias.

Patricia aponta caminhos para inspirar essa geração, que no mercado de trabalho atual demonstra sede por propósito e significado. “A inovação inspira os jovens, e, portanto, incentivos a experimentar novas tecnologias de forma criativa são aspectos que podemos fomentar para envolvê-los e inspirá-los”. Ela reforça que o aprendizado constante é indispensável: “Programas de mentoria, concursos criativos ou hackathons podem também torná-los mais conectados ao setor e preparados para enfrentar desafios com confiança”.

A professora destaca que a diversidade é hoje um dos fatores mais valorizados pelos jovens. “Criar um ambiente de trabalho inclusivo, colaborativo e flexível pode ser o diferencial para inspirá-los. É importante promover a diversidade, pois isso estimula a troca de perspectivas, e oferecer oportunidades de aprendizado constante, mostrando que o desenvolvimento profissional é prioritário. Quando os jovens percebem que têm espaço para crescer, experimentar e fazer a diferença, estão mais propensos a se engajar com entusiasmo e dedicação no mercado.”

Patricia Artoni, professora da FIA Business School | Imagem: Divulgação

Azevedo, do Ibmec-RJ, acredita que “inspirar os jovens hoje em dia significa desafiá-los, pois cada geração enfrenta os próprios desafios”. Em suas palavras, sua geração viveu o desafio da internet, enquanto as gerações anteriores e posteriores também possuíram e possuem seus pilares a quebrar. “Isso acontece porque o ser humano sempre está à frente, demandando mais. Como diz McLuhan, ‘os homens criam as ferramentas e as ferramentas recriam os homens’.”

*A imagem no topo é assinada por Leonardo Claret, sócio e diretor de criação da monkey-land: “Confronto a questão ‘What will you imagine?’ que preenchemos em ferramentas de IA com o famoso dilema existencialista ‘To be or not to be?’ em Hamlet. Se perdermos a capacidade de imaginar, de usar a criatividade, acredito que a IA pode transformar a publicidade em commodity. Só o talento criativo humano é capaz de garantir a existência, transformar e perpetuar.”

Fonte: Propmark

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