Criatividade permanece como motor da publicidade e diferencial para as marcas

Apesar da subtração de insights, de acordo com o State of Creativity, festival mantém propósito de ativar a indústria com ideias e talento
A economia criativa global está estimada em US$ 985 bilhões e pode representar 10% do PIB mundial até 2030. A indústria da comunicação já está profundamente conectada a ela, operando no cruzamento entre economia, inovação, valor social e sustentabilidade – e a criatividade é o insumo central para sustentar os diferenciais para a competição dos anunciantes por meio dos seus produtos.
Agendada para acontecer entre 16 e 20 de junho no Palais des Festivals de Cannes, na Riviera Francesa, a 72ª edição do Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade está atenta aos números desse trade e sugere seu palco para os debates recorrentes à atividade que lustra as marcas, pondera com a consciência dos consumidores e formaliza os assets para crescimento, geração de lucro e investimentos.
O festival é uma espécie de marketplace para os negócios, por reunir talentos de todos os níveis, disciplinas e culturas (no ano passado foram 12 mil delegados, de 94 países). Portanto, é natural que conversas se iniciem, ideias floresçam e parcerias surjam – mais do que nunca, graças à concentração de pessoas com o mesmo objetivo: obter destaque por meio da criatividade.
Por outro lado, o próprio Cannes Lions sabe que algumas peças do tabuleiro estão colocando em xeque o valor da criatividade com medidas que contrariam a lógica natural da indústria, que se desenvolveu com as ideias dos profissionais que se engajam para a criatividade ser a essência do jogo da publicidade.

Ela, e isso é unanimidade no trade, permanece como o único elemento capaz de moldar um cenário mais promissor para as agências e anunciantes. Um dos problemas é a visão torpe que a inteligência artificial pode dar esse suporte e que ferramentas como retail media possam suprir os budgets para criatividade. Festivais criativos globais, como o Cannes Lions, permanecem como termômetro para a decisão dos anunciantes, sobretudo para identificar players nas concorrências que promovem.
Dados
O relatório State of Creativity 2025, uma apuração com mais de mil profissionais da indústria, do marketing aos criativos das agências, realizada pelo Cannes Lions e exposta há dois meses, mostra que a escassez de insights de qualidade e a falta de agilidade cultural estão minando a confiança dos anunciantes no poder transformador da criatividade mercadológica.
O downgrade é apontado no relatório com o volume de apenas 13% de marcas terem o desejo real de assumir riscos criativos nas suas estratégias. 13% também consideram seus apelos fortes o suficiente para a interação com seus consumidores. 29% afirmam serem avessas ao risco. Mas é um paradoxo, como o estudo revela: “Marcas que assumem riscos criativos apresentam margens de lucro quatro vezes maiores e têm 33% mais chances de crescimento de receita a longo prazo”.
Fonte: Propmark