Dias presenciais nas agências aumentam e flexibilidade cai

12 de setembro de 2024 às 16:58


Levantamento com 24 agências entre as maiores em compra de mídia, segundo ranking do Cenp-Meios, aponta mudanças no modelo de trabalho

No mês passado, o portal britânico Campaign divulgou uma pesquisa apontando que uma em cada seis agências teria aumentado o número de dias de presença obrigatória no escritório em 2023. No total, 16 das 99 agências procuradas pela publicação mudaram seu regime de trabalho híbrido para incorporar mais idas ao escritório.

Profissionais trabalham na Tech and Soul, uma das agências que participou do levantamento (Crédito: Arthur Nobre)

No mesmo mês, no Brasil, foram divulgados os resultados preliminares do projeto 4 Day Week Brazil. A proposta do piloto era analisar a possibilidade de reduzir a jornada para quatro dias úteis semanais.

Os resultados foram positivos. Entre os líderes, 84,6% acreditam que a semana mais curta trouxe benefícios para suas empresas. Eles destacaram melhorias notáveis em áreas como produtividade, bem-estar dos funcionários e engajamento.

Com o modelo de trabalho e as discrepantes investidas na flexibilidade – ou na falta dela – sob os holofotes, como estão se posicionando as agências brasileiras? Entre os dias 21 e 28 de agosto, o Meio & Mensagem ouviu 24 entre as 30 maiores agências do Brasil, segundo o ranking de compra de mídia do Cenp-Meios, em 2023, para entender como elas vêm trabalhando e as mudanças realizadas no seu modelo de trabalho ao longo do último ano.

As companhias responderam via questionário online do dia 21 a 28 de agosto. Participaram do levantamento: AlmapBBDO, Artplan, BETC Havas, Cheil Brasil, David, DPZ, Dentsu, FCB, Fbiz, Galeria, Grupo We, IPG Mediabrands Brasil, Leo Burnett, Lew’Lara\TBWA, WMcCann, Nova, Ogilvy, Propeg, Publicis, Suno United Creators, Talent, Tech & Soul e VML Brasil.

Resultados do levantamento

Os resultados apontaram para uma consolidação do formato híbrido. Entre as 24 respondentes, apenas uma afirmou manter o trabalho presencial como regra. Quando questionados sobre a quantidade de dias em que os colaboradores precisam comparecer presencialmente, metade da amostra afirmou optar por um modelo de três dias presenciais e outros dois em home office.

A segunda maior representatividade é de agências que optam por dois dias presenciais, modelo escolhido por oito das 24 agências. Aparecem, ainda, no levantamento empresas que optam por quatro dias semanais, além do exclusivamente presencial e da opção sem dias obrigatórios de trabalho presencial.

A consolidação do trabalho híbrido, no entanto, não quer dizer ausência de mudanças. 10 das 24 agências brasileiras que responderam ao levantamento afirmaram ter feito algum tipo de alteração no modelo de trabalho ou na quantidade de dias de trabalho presencial no último ano (entre agosto de 2023 e agosto de 2024).

Em sete dos 10 casos, a mudança no modelo significou aumentar o número de dias de trabalho presencial. Para outras duas, antes, os colaboradores não tinham dias presenciais obrigatórios e podiam moldar a jornada. Agora, ambas, determinaram um número obrigatório de dias presenciais.

Vantagens do modelo

Os participantes ainda foram convidados a dividir os principais benefícios do modelo adotado – majoritariamente, híbrido. De um lado, aparece a oportunidade de os publicitários conseguirem conciliar a vida pessoal e profissional, assim como organizar os horários de acordo com sua própria dinâmica ou a dinâmica dos clientes.

Os dias em home office também resultariam em maior produtividade, já que os profissionais ganham o tempo que seria usado no trajeto e em outras interações. Apesar do avanço na adoção de mais dias obrigatórios, a possibilidade de contratação em outros mercados também seria um benefício segundo as agências. Algumas companhias citam abrir exceções em seu modelo para esses profissionais.

Em contrapartida, a dinâmica presencial seria responsável por favorecer a resolução rápida de problemas e a colaboração entre os publicitários, além de atuar na manutenção da cultura corporativa das agências. Outro fator que ganhou destaque entre os respondentes é a formação de novos profissionais, que precisam de maior cuidado por parte da gestão.

Fonte: Meio&Mensagem

Taís Farias
11 de setembro de 2024 – 6h00


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